segunda-feira, 2 de maio de 2011

Um monte de filosofia barata

Quem nunca quis mudar? Quem consegue realmente levantar a cabeça e dizer para si mesmo que hoje é diferente de ontem? Isso, diferente, seja no cabelo, na tatuagem, no piercing novo, na atitude ou no gosto musical.

Todos nós gostaríamos de mudar algo em nós mesmos. Não somos um produto final, somos, clichê à parte, uma metamorfose ambulante, mas será que realizar essa metamorfose na nossa essência quando necessário? Dificilmente.

Para ser uma metamorfose, é necessário fazer essa mudança acontecer, oras! Quem aí nunca morreu na praia tentando? Oras, hoje é segunda-feira, o dia mundial da dieta fracassada, onde 97,5% (citation needed) das pessoas que começaram uma dieta vão desistir dela ou dar aquela escapulida na terça.

Como eu ia dizendo, quem aí quer mudar algo em si? Não precisa ser algo crucial da sua personalidade, mas alguma coisinha que você quer há tempos e não consegue, talvez por inércia ou comodismo.

Eu não sei quanto a você, mas tenho muita inveja das pessoas à minha volta. Elas parecem mais fortes e melhores do que eu por conseguir coisas que eu não acredito ter conseguido pelos meus próprios esforços. 

Na verdade, esse é um sentimento característico da geração atual. Enquanto nossos pais matavam pelo próximo prato de comida, a nossa mata a tudo e a todos para enforcar o estudo para a próxima prova.

Tem uma palavra em inglês que descreve bem essa condição: "underachiever" , ou seja, alguém que conquistou menos coisas do que poderia. Eu acredito que eu seja assim, você provavelmente é ou conhece um punhado de gente assim também.

É engraçado, reclamamos por tudo, gostaríamos que a máquina do tempo fosse inventada para nos darmos aquele alô no passado, seguido de uma porrada no meio da orelha dizendo "te esforça mais, sai dessa, tu pode ser melhor!".

Eu sou bastante crítico em relação a mim, tem um bilhão de coisas das quais eu me arrependo e gostaria que não tivessem acontecido comigo, mas não tenho mais vontade de continuar nesse círculo vicioso de erro, consequência e lamentação da própria incapacidade. 

Eu sei o que tem de errado comigo em diversos planos e quero virar o jogo contra esse marasmo para um dia me olhar na frente do espelho e dizer que a minha vida não foi um desperdício.

Eu não acredito em reencarnação, acho que a minha chance é essa e ponto, e as consequências pelos meus atos serão refletidas durante ela.

Faz uns dias, eu prometi a mim mesmo que nunca mais usaria a palavra "pretendo", de "pretendo ser o presidente do Brasil em 10 anos". Por quê? Pretender me lembra a palavra "pretend" em inglês, que significa fingir, ou seja, me enganar, me iludir e acabar não fazendo nada do que eu desejava. Eu sei que essas duas palavras não têm nada a ver uma com a outra, são falsos cognatos, um daqueles que a gente aprende pro vestibular pra não errar na hora do texto. Desde aquele dia, decidi simplesmente dizer que eu vou fazer alguma coisa, porque eu vou.

Outra coisa que eu acho estranho é o seguinte: todos dizemos que a mudança deve partir de nós mesmos e para nós mesmos, mas exemplos do contrário são o que mais existem por aí. Tem gente que se agarra na religião para largar as drogas, para superar traumas, até nos filmes e afins, o herói só fica fortão mesmo quando vê os amigos morrendo. Não quero dizer que nós devamos depender apenas dos outros, mas achar que nós somos uma ilha é ingenuidade, é desnecessário, afinal, até o seu irmão (supostamente) burro e (muito) ranhento pode acabar te surpreendendo quando tu menos esperar.

O mais engraçado de tudo é que parece que nós realmente temos que levar uma porrada das fortes na cabeça para mudarmos, ou pelo menos na maioria das vezes. Não adianta, isso é praticamente inerente ao ser humano, ele só se mexe com a corda no pescoço, e às vezes nem assim ele se mexe e acaba morrendo.

Mas como agir quando a corda está apertando? Essa é a pergunta de um milhão de dólares, pois a resposta varia muito de pessoa pra pessoa e também de problema para problema e, também, requer um esforço dos diabos, como se fosse um tratamento contra drogas, ou melhor, contra a droga da imutabilidade.

Dizer que mudou sem nem ter dado o primeiro passo é a receita para o fracasso (perdão pela cacofonia) e também não adianta muito ficar feliz só por ter identificado os próprios problemas, afinal, quem conhece nos conhece melhor que nós mesmos? No fundo, mesmo que ele seja lá naquele lugar praticamente inacessível,  todo mundo sabe onde o seu sapato lhe aperta, pois se tem alguém que a gente tem a convivência forçada por 24 horas ao dia é ela: a nossa sombra.

Eu não preciso dizer aqui o que eu quero mudar, eu sei o que é e isso me basta. Quanto aos resultados, ainda é cedo demais para querer colhê-los ou avaliá-los, mas se eu fizer tudo dar certo, um dia eles virão e quem sabe nesse dia eu vou me achar uma pessoa melhor. Ou não também, afinal, eu já vou ter encontrado mais um monte de coisas que eu quero mudar em mim, pois ninguém é um produto final.

5 comentários:

  1. Belo texto :D

    mas me fez olhar pros meus defeitos, aqueeeeles que eu deveria mudar e não mudo, sabe? pois é, eu vivo adiando (junto com a academia e a dieta)

    bjo!!

    ResponderExcluir
  2. hehe, pior que eu esqueci de incluir a academia no dia mundial do "vou começar em algo só pra fracassar" :P

    ResponderExcluir
  3. É, esse negócio de mudar não é fácil.

    Só questiono se tu sabes exatamente o que quer mudar. Sei que vivemos "com a nossa sombra" o tempo todo, mas aquilo de "conhece-te a ti mesmo" não é nada trivial.

    Acho que qualquer mudança deve mesmo começar por aí :)

    ResponderExcluir
  4. Eu quis dizer mais no sentido de tipo, no fundo, bem no fundo, a maioria das pessoas sabem o que elas têm de errado, o problema é conseguir (ou querer) olhar pra lá.

    ResponderExcluir