quarta-feira, 25 de maio de 2011

Jamais me arrependerei

Faz algum tempo, eu comecei a ler novamente "Musashi", escrito por Eiji Yoshikawa publicado em forma de folhetim (ou a novela de televisão) durante a década de 1930. O livro conta a história de Miyamoto Musashi, um camponês rude, agressivo e inculto que, por meio do constante treinamento físico e mental, veio a se tornar o maior espadachim de todos os tempos não só no campo da espada, mas também das artes e da filosofia. A história é dividida em dois (ou três, dependendo da edição) volumes e tem cerca de 1800 páginas. Se você chegar a lê-lo um dia, vai querer que ele tivesse o triplo do tamanho, pois quando a história está para terminar, você quer que ela continue, que nunca termine, de tão boa que é. Mas eu não vim aqui para escrever uma resenha do livro e sim para falar de uma passagem dele.



Quando criança, os pais de Musashi se separaram e ele foi criado pelo pai. Este morreu muito cedo, de modo que ele só tinha só a irmã mais velha e uma tia como parentes vivos. Apesar de não demonstrar, ele sentia a falta do convívio humano e, numa de suas viagens, acabou ficando com vontade de visitar a tia, achando que iria encontrar nela algum traço de amor materno e da simpatia que povoavam as memórias que ele tinha de sua mãe. Não foi o que aconteceu. Decepcionado, Musashi arrependeu-se amargamente de ter se iludido dessa forma e escreveu num caderno de anotações que ele costumava carregar as seguintes palavras: "Jamais me arrependerei". Essas três palavras mexeram comigo na hora e me deixaram pensando: será que existe realmente alguém tão evoluído assim a ponto de nunca se arrepender dos próprios atos? Se existe, acho que eu estou a um oceano de distância dessa pessoa. Hoje, eu dei de cara com a seguinte imagem compartilhada por uma amiga pela Carla (devidos créditos dados):



É engraçado, eu me arrependo de muita coisa que eu fiz, e não só ultimamente como por diversas fases da minha vida e repito, acho que nunca vou conseguir chegar a esse estado de "não arrependimento" pelo seguinte: as pessoas mudam, os gostos mudam e, bem ou mal, estamos em constante conflito com o nosso "eu" de ontem.  Eu não acredito que um dia vá chegar a ser completamente livre de arrependimentos, eles são necessários para a nossa evolução como pessoas, mas quem sabe essa mensagem não seja um objetivo, algo a nos guiar rumo à nossa versão de amanhã que logo em seguida vai ser criticada pela versão de depois de amanhã? 

2 comentários:

  1. Obrigada pelos créditos de compartilhamento :P

    Acho que a ideia principal é que não vale a pena se arrepender, pelo menos das decisões/atos que não podem ser revertidas/dos.

    :)

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  2. PELO NO FERIMENTO DA RAIVA O CORAÇÃO SE REVOLTA,MAS NEM A PIOR REVOLTA SE COMPARA COM O MAL DA INDIFERENÇA.......

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